Ela sabia que só precisaria de quatro passos para mudar sua vida e mesmo assim hesitou em realiza-los. Ela queria deixar tudo para trás e esquecer o que havia acontecido, mas era impossível controlar sua mente e seu coração à noite. Eles insistiam em relembrar a sua vida inteira em apenas 8 horas de sono.
Mas agora ela estava ali. Cem centímetros separavam seu corpo do ônibus que a levaria para bem longe. Para onde as lembranças não a atingiriam tão intensamente… Sua mala já estava lá dentro. Só faltava o corpo. Aquele corpo cansado e ferido… Ele precisava se descongelar. Precisava esticar as pernas e dar alguns passos, mas seu coração o impedia. Pobre coração, queria mais dor. Mas ela não. Ela sabia o que queria. E eram apenas quatro passos.
Levantou uma das pernas delicadamente. Ela tremia. Tudo tremia e ela lembrou-se da primeira vez que decidiu partir. Lembrou-se de quantas malas e roupas foram com o ônibus e ela continuou ali parada. Não é que em outros lugares as lembranças não a atingiriam, mas é que estar ali, naquele lugar, naquela cidade, a machucava tanto. Ver o rosto do seu amado todos os dias e não poder toca-lo a machucava mais ainda.
Ela queria outra vida. Outras ruas, outros bares, outras pessoas. Queria entrar em outras cafeterias e não encontra-lo lá. Ir ao cinema e não vê-lo nos braços de outra garota…
Ela entrou no ônibus. Não tinha mais medo; não lhe faltava coragem, mas lhe faltava forças para vencer aquela batalha entre a mente e o coração. Suas pernas não sabiam mais que caminhos traçavam, não sabiam quem obedecer ou o que fazer. Então elas retrocederam. Desceram o degrau que as mesmas subiram há poucos segundos atrás. Ela iria sair do ônibus. Mais uma vez iria desistir.
— Senhora? Estás bem? – perguntou um sujeito de aparência humilde.
Ela não respondeu. Nunca gostou de mentir para as pessoas. Ela só mentia para si mesma.
Mentia todas as vezes que sorria e todas as vezes que acordava. Ela não queria sorrir e nem acordar. A única coisa que queria era partir e agora ela estava ali, mentindo mais uma vez para si mesma. Estava retrocedendo. Estava desistindo.
— Senhora? – insistiu o sujeito.
— Não… – ela disse baixo.
— Quer ajuda?
Ela só esticou os braços e ele a puxou. Entregou sua passagem e sentou. Pela primeira vez ela observara a cena de outro ângulo. Observou o ônibus partindo de dentro dele, não de fora, e não mentiu ao sorrir.
Desconhecido
Mas agora ela estava ali. Cem centímetros separavam seu corpo do ônibus que a levaria para bem longe. Para onde as lembranças não a atingiriam tão intensamente… Sua mala já estava lá dentro. Só faltava o corpo. Aquele corpo cansado e ferido… Ele precisava se descongelar. Precisava esticar as pernas e dar alguns passos, mas seu coração o impedia. Pobre coração, queria mais dor. Mas ela não. Ela sabia o que queria. E eram apenas quatro passos.
Levantou uma das pernas delicadamente. Ela tremia. Tudo tremia e ela lembrou-se da primeira vez que decidiu partir. Lembrou-se de quantas malas e roupas foram com o ônibus e ela continuou ali parada. Não é que em outros lugares as lembranças não a atingiriam, mas é que estar ali, naquele lugar, naquela cidade, a machucava tanto. Ver o rosto do seu amado todos os dias e não poder toca-lo a machucava mais ainda.
Ela queria outra vida. Outras ruas, outros bares, outras pessoas. Queria entrar em outras cafeterias e não encontra-lo lá. Ir ao cinema e não vê-lo nos braços de outra garota…
Ela entrou no ônibus. Não tinha mais medo; não lhe faltava coragem, mas lhe faltava forças para vencer aquela batalha entre a mente e o coração. Suas pernas não sabiam mais que caminhos traçavam, não sabiam quem obedecer ou o que fazer. Então elas retrocederam. Desceram o degrau que as mesmas subiram há poucos segundos atrás. Ela iria sair do ônibus. Mais uma vez iria desistir.
— Senhora? Estás bem? – perguntou um sujeito de aparência humilde.
Ela não respondeu. Nunca gostou de mentir para as pessoas. Ela só mentia para si mesma.
Mentia todas as vezes que sorria e todas as vezes que acordava. Ela não queria sorrir e nem acordar. A única coisa que queria era partir e agora ela estava ali, mentindo mais uma vez para si mesma. Estava retrocedendo. Estava desistindo.
— Senhora? – insistiu o sujeito.
— Não… – ela disse baixo.
— Quer ajuda?
Ela só esticou os braços e ele a puxou. Entregou sua passagem e sentou. Pela primeira vez ela observara a cena de outro ângulo. Observou o ônibus partindo de dentro dele, não de fora, e não mentiu ao sorrir.
Desconhecido
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